Yoga e os Yamas: visão tradicional de Patanjali, Vyasa e Krishnamacharya
Segundo Maharishi Patanjali os yamas, controles em sânscrito, são mencionados na obra Yoga Sutra, no segundo capítulo que apresenta as práticas do Yoga:
अहिंसासत्यास्तेय ब्रह्मचर्यापरिग्रहाः यमाः ॥३०॥
ahiṃsā-satya-asteya-brahmacarya-aparigrahāḥ yamāḥ ||30||
não-violência, verdade, não roubar, castidade, não apego são os refreamento ||30|| (1)
Comentário de Vyasa sobre esse sutra (2):
Não violência, destes, é a não intenção de ferir nenhum ser, de todas as formas, em todos os momentos. Os seguintes yamas e ni-yamas estão enraizados nesta [não-violência]; eles são expostos apenas para [propósito de] promover isso [não-violência], como [são] destinados a trazer sua perfeição (siddhi). Eles são realizados apenas para refinar e iluminar impecavelmente sua forma. Como já foi dito:
De fato, à medida que esse filho de Deus progride e deseja realizar muitos [mais] votos e observâncias, gradualmente ele se afasta das causas de danos que ocorrem por negligência que, de outra forma, reivindicariam os frutos de suas austeridades. Ele assim efetua a mesma não-violência de uma forma brilhante e pura.
A verdade [é definida como] fala e mente em conformidade com a realidade (yathartha). Como visto, como inferido, como ouvido, assim [mantendo a verdade na fala e na mente de alguém]. Discurso proferido para transmitir o entendimento de alguém a outro – se não fosse enganoso, confuso ou estéril quanto a transmitir [um significado]. Tal discurso [seria] empreendido para o benefício de todos os seres e não para ferir ou prejudicar os seres. [No entanto] se [o discurso de alguém] fosse expresso assim [e ainda] terminasse em causar dano ou dano aos seres, então não seria verdade; seria apenas virtude, ganharia apenas uma escuridão dolorosa. Portanto, deve-se falar a verdade somente após examinar o que é salutar para todos os seres.
Roubo é aceitar bens de outros, [indo] contra as leis. A negação disso, não-roubo, consiste em não desejo (a-sprhā).
A castidade é o controle do órgão secreto.
Precedido por ver o prejuízo [que se acumula] pelo apego a, e violência em relação a, trabalhando e guardando os objetos dos sentidos, e na perda [destes objetos], não aceitá-los denominando é a não-indulgência (a-pari-graha).
Estes são os yamas.
Comentário de Krishnamacharya na obra Yogasanagalu de 1972 sobre os Yamas (3):
“Não-violência, honestidade e veracidade, não-roubar, castidade e não desejo pela propriedade alheia. Estes são os cinco Yamas sob o primeiro passo de membro do Yoga”
Se continuarmos a praticar isso da maneira certa, nossos conflitos e outros comportamentos malignos serão reduzidos a cinzas desde suas raízes e o autor pode imaginar que tal grosseria de corpo e mente não pode ser restabelecida.
Se começarmos a praticar esses princípios aos poucos, as doenças relacionadas ao corpo, aos órgãos e à mente deixarão de ser obstáculos para uma vida feliz. Praticar isso se tornará alegre.”
Autor:
Dado Motta (Luiz Eduardo Motta Carvalho) é Mestre, professor e Avaliador de Yoga certificado oficialmente pelo Governo da Índia, ministério de AYUSH, sob o título de “Yoga Teacher and Evaluator”, que foi avaliado e elogiado pela IYA, Associação Indiana de Yoga. É membro da (IAYT) International Association of Yoga Therapists (USA). Membro da IYA. Instrutor 500h Pleno pela Aliança do Yoga no Brasil. Formado com 500h, Diploma de licenciatura pela BA de SP, 200h por Krishnamacharya Yoga Mandiram (Índia onde foi autorizado pelo corpo docente a ministrar Yoga), Certificado pela USP MEDICINA em primeiros socorros a Adultos, Certificado em “Science of Exercise” pela Universidade de Colorado (Usa), Pranayama por AG. Mohan (India), Dhyana por KYM (India), Yoga Medicine ‘s Guide to Therapeutic Yoga, além de outras certificações de Yoga ao longo dos anos.
Referências:
1 – Patañjali. Yoga Sutras. Tradução de Luiz Eduardo Motta Carvalho. Mandala. 2022.
2 – Swami Veda Bharati. Yoga Sutra de Patanjali – Vol2. Saadhana Pada. 2001
3 – Krishnamacharya T. Yogasangalu. 1972. Tradução de Satya Murti. Ed. Edward Grin Hall.